sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Conversando sobre leitura





Curitiba-PR – A Casa de Leitura destina-se ao estudo e incentiva a cultura.


A Casa de Leitura no município de Caiçara, João Pessoa – PB foi erguida pela Atitude corajosa do Prof. Jocelino e seus amigos que acreditam que o aluno que lê melhora em todas as disciplinas; que acredita que a leitura é o verdadeiro caminho para a independência do indivíduo, que o acesso e a diversidade podem conquistar leitores.



                                                                 CASAS DE LEITURA CARIOCAS

Com propósito de promover e estimular o conhecimento e o interesse pela leitura - muitas vezes vivida como uma obrigação, foi instituído em 1992 o PROLER, ligado à Biblioteca Nacional e com sede na Casa da Leitura no bairro de Laranjeiras.

O Real Gabinete Português de Leitura MH C • MH SE, tradicional biblioteca e instituição cultural lusófona, localiza-se na rua Luís de Camões, número 30, no centro da cidade do Rio de Janeiro, Brasil. Encontra-se tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio

Há dois anos, uma moradora do bairro de Sepetiba, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, montou a casa de leitura “Jardim do Saber”. O espaço, que mistura livros e diversão, já ganhou centenas de adeptos, em sua maioria crianças e adolescentes. A iniciativa ajuda a despertar o interesse pelas letras. O acervo é composto por doações.




                                                As Casas de Leitura do Brasil – formiguinhas em ação?

O Brasil é o 8º produtor mundial de livros e a maior indústria da América Latina. Isso não é maravilhoso? O país possui cerca de 5.000 bibliotecas públicas, 10.000 bibliotecas comunitárias, 52.634 escolares, 2.165 universitárias.

Temos um dos maiores programas de distribuição de livros gratuitos do mundo, principalmente na área educacional pública. Não temos problemas de leitura então?

As ações individuais e coletivas de empresas, indústrias e pessoas dos setores público e civil demonstram a preocupação com a cultura da leitura nesse imenso território brasileiro, uma vez que o índice de leitura é 4,7 livros per capita/ano ; a taxa de analfabetismo absoluto é de 16 milhões e funcional é de 30 milhões(?);a maioria das bibliotecas encontram-se em situação precária de acervo e nas suas instalações; 2.600 livrarias em 600 cidades encontram-se no Sudeste e Sul do Brasil e o alto preço dos livros. http://blogs.cultura.gov.br/bibliotecaviva/2009/01/22/pesquisa-retratos-da-leitura-no-brasil/.

Tantos problemas e todos, cada um com seus programas e projetos, fazem um trabalho de formiguinha que certamente fará a diferença em seus ambientes de trabalho, suas comunidades, suas famílias, nas suas vidas. Todos estão atentos à importância da leitura na formação intelectual do individuo. Por isso, a conquista de novos leitores se dará nas pequenas e grandes ações.
                                                                                                                              Terezinha Cypriano Fernandes out/2012

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Uma questão de experiência


Letramento é o estado ou condição de quem não só sabe ler e escrever, Mas exerce as práticas sociais de leitura e de escrita que circulam na sociedade em que vive, conjugando-as com as práticas sociais de interação oral. ( SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1998)

 

 

“ As transformações do desenvolvimento até a leitura fluente começam na infância, não no colégio.”

  “A quantidade de tempo que  a criança  passa ouvindo seus pais e outras pessoas queridas lerem para ela, continua sendo um dos melhores indicadores de sua leitura posterior”

 

Para mim as duas reflexões se complementam. É na base familiar que se inicia o hábito da leitura. Crianças que têm por hábito ouvirem adultos lerem para elas, as que os pais ou outro adulto próximo fazem do diálogo também um hábito, vão aprimorando a gramática internalizada que cada indivíduo já possui.   Ouvir histórias de gêneros diferentes, por exemplo, capacita o futuro escritor –aquele que escreve -, mesmo sem ter consciência do fenômeno.   O hábito de ouvir a leitura de um texto vai desenvolvendo a sensibilidade dos pequenos: quando se tratar de uma notícia de jornal, um Conto de Fadas, uma receita médica ou culinária...  Essa percepção fica evidente numa produção de texto, mesmo que precária, no estágio inicial de alfabetização e vai se aprimorando na vida e para a vida, não somente no ambiente escolar para professor corrigir e dar nota.

Antes mesmo e principalmente, antes da entrada da criança na escola, A família deveria criar oportunidades concretas para desenvolver os sentidos inerentes ao ser humano, criar situações de experimentação, pois é a experiência e visão de mundo que serão os subsídios de um leitor proficiente. A proficiência na leitura e na escrita precisa de bons modelos, de bons exemplos. Ninguém aprende a ler e a escrever, senão por experiência própria.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

AMOR DE MENINA


 

 

 
       Todas às tardes, o ritual inicia: roupa limpa, cheirando amaciante, cabelo lavado e bem penteado, vai a menina levando seu banquinho para o portão. É, antigamente todas as garotas sentavam-se nos fins das tardes em frente ao portão de suas casas e faziam confidências   às  amigas, ficando assim, unidas em seus desejos secretos.

 

       Teresa  não era diferente. Tinha um amor: o menino da Rua Júlio César. Moreno, esguio, cabelo negros como a graúna. Nunca se aproximou dele. Nunca trocou uma palavra. Talvez ele nunca tivesse desviado seu olhar para ela, mas o amava assim mesmo. Nem mesmo sabia o nome de seu amor. Uma coisa Teresa e as amigas tinham certeza, ela estava apaixonada. Era o garoto mais bonito do bairro, isso era!!

 
               Numa tarde, a paixão surge na esquina. A menina agita-se, sente-se nervosa, sente-se feliz, levanta-se,      corre,    entra em casa. Corre para seu quarto, as janelas voltadas para rua e lá, coloca a mesma música de sempre, “My Love”, no máximo.  Ele iria ouvir e, quem sabe, descobrir que ali, naquela casa, havia uma garota apaixonada. O garoto da rua vizinha um dia ia amolecer e cair em seus braços. Era tudo que  Teresa esperava acontecer.

 

        Por meses inteiros, o ritual se repetiu. As expectativas da menina apaixonada não se concretizavam. O garoto mais bonito do bairro um dia surgiu na esquina com uma garota que nem era tão bonita. Tinham as mãos unidas e um sorriso nos lábios. Teresa olhou, esperou o casal passar... Seus olhos não acreditavam. Marejou. As amigas ficaram esperando uma reação... A garota apaixonada levantou-se, pegou seu banquinho, caminhou alguns metros em silêncio, virou-se e disse com voz  engasgada: “Ele  nem  é tão bonito assim!” E entrou.

                                                                   Cypriano, Terezinha Fernandes - 2009 Contando a gente não esquece.

sábado, 22 de setembro de 2012

HISTÓRIAS DE QUEM NÃO GOSTA DE LER



 Ler direito ou pegar no trampo

História de leitura. Eu detesto ler. Lá em casa a gente tinha que obrigação de ler qualquer coisa. Meu pai, que estudou pouco, queria que os filhos lessem direito – como ele vivia falando. Lê direito! Nunca entendi o que queria dizer, odiava aquelas horas de obrigação e chatice.

Meus irmãos acabaram gostando desse troço, mas eu num tem jeito. Ficava arrepiado quando as professoras me achavam na sala e logo diziam: “Agora é a vez de Alex ler.” Se eu pudesse, levantava da cadeira e ia embora. Quanto mais eu fingia que tinha dificuldade na leitura, as professoras me faziam voltar na leitura e repetir. Deus do Céu, que vontade de morrer!!! Por que todo professor cisma que o aluno tem que ler? Por que não chamam só as crianças que gostam de ler? Parece que elas adivinham e só chamam as crianças que não querem ou não sabem ler direito.

Eu só li quando era obrigado lá em casa ou na escola. Eu acho esse negócio de ler “um porre”. Eu não entendo porque tem gente que gosta de ler. Tenho um colega que lê só livro grande. Eu já disse para ele parar com aquilo, que não dá sangue pra ninguém. Tem é que pegar no trampo.

Alex Monteiro de Lima, 25 anos, vigia noturno - Texto de Terezinha Cypriano- Histórias que ouvi, set 2012.
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 Leitura! Tô fora!!!

Já li alguns livros, não muitos. Todos porque as professoras de Português pediam para fazer um trabalho qualquer. Eu lia, era pra nota, tinha que ler. As professoras sempre elogiaram o jeito que eu lia. Elas diziam que eu lia direitinho. Sempre ouvia elas dizerem: ”Viu, ler é isso aí que Tânia fez. Lê direitinho, faz as paradas dos pontos certinhos.” Acho que ler é fácil. Não tive problema na época em que estava aprendendo a ler. Também minha mãe me ajudava, fazendo as tarefas comigo. Quando ela não podia me acompanhar nas tarefas, ela chegava e perguntava tudo: o que eu tinha feito, pedia pra eu recontar a história que tinha lido, revisava toda a tarefa e se encontrasse alguma coisa errada, tinha que refazer. Acho que isso tudo facilitou minha passagem pela escola.

Mas toda essa facilidade que eu tive com leitura não me deixou apaixonada por livros, muito menos ler. Não sei dizer o porquê. Só sei que não faço a menos questão de ler e muito menos fico procurando livros por aí. Quanto tenho que fazer algum curso e aparece apostila, papelzinho, sei lá mais o que, fico irritada, com vontade de ficar sentada no fundo da sala só ouvindo. Eu aprendo melhor ouvindo do que ficar lendo, lendo, lendo. Demora muito ler. Coisa chatinha. Sei que você é professora de Português. Mas... Fala sério!! Tô fora!

Tânia Mara Alves, 27 anos- Texto de Terezinha Cypriano, Histórias que ouvi - set 2012.

HISTÓRIAS DE QUEM GOSTA DE LER



                                                                Se num lê, esquece

Meu nome é Maria Estela, tenho 53 anos. Sou casada. Tenho 3 filhos, 2 continuam estudando, graças a Deus! Nasci e cresci na roça. Lá em casa meu pai deixava a gente estudar pouco, dizia que precisava dos filhos na enxada para ajudar na casa. Por minha mãe, ela queria mesmo a gente na escola, mas naquela época até ela sofria nas mãos do meu pai.

Fui na escola até completar 12 anos. Nossa custei me conformar com aquela maldade do Seu Jojão – apelido do meu pai, que Deus o tenha. Trabalhou tanto e morreu sem nada... Às vezes eu ia na cidade e ficava lendo tudo que aparecia na minha frente, eu achava que porque eu não ia mais na escola eu ia esquecer da leitura – não é esquecer da leitura, deixar pra lá, não. Meu medo era esquecer como era saber ler, sabe como é? Eu sabia que meu pai e minha mãe não sabiam ler, na minha cabeça era porque não foram na escola e eu tinha ido, mas não ia mais, eu ia esquecer tudo que tinha aprendido. Lia papel do chão, jornal velho, caixinha de comida, tudo. Parecia que eu ficava só esperando aparecer qualquer coisa com letra para eu treinar e não esquecer a leitura. Depois que me casei, saí da roça, tive as crianças e continuava lendo. Quando minhas crianças começaram ir para escola, eu aproveitava as lições de casa deles e ficava ali, por perto, para eu pegar alguma lição. Gostava de ler os textos para meus filhos e quando estava ocupada, pedia para eles lerem pra mim e assim eu fui aprendendo mais e ajudando meus filhos tirar nota boa na escola.

Quando eles cresceram foram se virando, eu me matriculei no EJA perto de casa e terminei a 4ª série. Nessa época, minha professora levou a turma para conhecer a biblioteca e escolher um livro ou uma revista para levar para casa. Continuei estudando, com muita dificuldade, mas consegui chegar no Ensino Médio. Hoje trabalho aqui no hospital com carteira assinada, consegui sair da roça e fazer a vida de meus filhos diferente. O mais velho não quis continuar os estudos, mais foi até o Ensino Médio, como os outros dois que continuam fazendo cursos por aí.

E eu continuo lendo, de vez em quando consigo livro com as colegas, vou na biblioteca da prefeitura, tenho uma vizinha que trabalha lá e ela me ajuda escolher. Se eu pudesse tinha um monte de livro lá em casa. “Lê é bão”.

                                            Texto de Terezinha Cypriano, Histórias que ouvi- set 2012
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 Dos quadrinhos ao jornal fresquinho

Quando criança eu lia RECRUTA ZERO e PATO DONALD. Meu pai e meu irmão gostavam de ler esses quadrinhos. Meu irmão que era bem mais velho que eu, comprava todas. Ele é o que mais gostava. Eu pequeno, devia ter uns 5 anos, via meu irmão lendo e morrendo de rir. Toda revistinha nova, muita risada. E mais revistinhas. Muita risada. Acho que tive cedo a ideia que ler era divertido.

Eu as pegava só depois que meu pai e meu irmão liam os quadrinhos. Eles nunca deixavam a meu alcance enquanto não devoravam, acho que essa a palavra. Talvez eles achassem que eu ia rasgar, já que não sabia ler. Eu, inocente, pegava as revistinhas usadas que ficavam embaixo da mesinha de centro da sala e ficava imitando aqueles dois adultos que tanto admirava. Só que eu sabia apenas folhear, ver as gravuras e rir. Ria imitando, principalmente meu irmão que se espalhava todo no sofá. Acho que inventei histórias para combinar com os desenhos.

Por muito tempo eu brincava de ler. Mais as brincadeiras de que mais gostava eram ximbra (bola de gude) e rodar pião no terreiro do lado da minha casa, lá em Maceió. Mas até aos 7 anos, quadrinhos em minha casa eram fartura. E eu me divertia com eles. O único lugar em que não lia porque não tinha livro nem biblioteca era na escola.

Rapaz eu passei a comprar minhas revistas, mas eram as de mulher pelada e ... aquelas... Sabe? Que todo rapaz quer aprender para poder ficar com as “mulé”? Então, li muito esse tipo de revista. Tinha que trazer todas escondidas de minha mãe. Nossa Senhora se ela pegasse... Jogava fora e falava por um mês. Tinha que ter imaginação pra ela passar longe delas.

Mas você pode achar que eu continuo com essas revistinhas “proibidas”, aliás, hoje ninguém mais se interessa, o mundo “tá tudo mudado”. Acho que nem existe mais. E eu também cresci e estou bem mais velho. Mas não deixei de ler.

Hoje eu estou cego há 3 anos por causa do diabetes, não posso ler mais. Mas até acontecer isso comigo, eu lia muito, sempre gostei, não de livros, não... jornal. Diariamente eu comprava um jornal. Nos finais de semana, comprava pelo menos três jornais diferentes. Passava a manhã lendo e comparava opiniões divergentes de um mesmo assunto, opiniões semelhantes, matérias tendenciosas. Aprendi muito. Tenho até hoje lembranças de minhas leituras, saudade dos meus jornais. Ouço rádio diariamente, mas nada vai substituir o prazer de folhear um jornal fresquinho, saído do forno...

             Claudio Roberto Fernandes, 57 anos, aposentado - Texto de Terezinha Cypriano, Histórias que ouvi  -  set 2012 

O SABONETE PREMIADO


 

Memórias de infância: Memórias de Um Cabo de Vassoura – Orígenes Lessa; na pré-adolescência: Meu Pé de Laranja Lima – José Mauro de Vasconcelos. Do primeiro, só lembro que o personagem ficava dentro de um armário e dali ele via o movimento da casa; do segundo, do menino Zezé que aprontava e apanhava muito, mas tinha o carinho de sua irmã mais velha. São as únicas lembranças de leitura nessas duas fases da minha vida.

Já adulta, trabalhando no Distrito de São Joaquim em Quatis/RJ tinha que pernoitar toda semana numa quarto reservado aos professores que ficava dentro da escola. Na primeira noite, tentando fazer as horas passarem rápido, percebi uma porta daquelas largas e pesadas. E, curiosa, tentei empurrar. Uma, duas, três tentativas, nada! Perdi o interesse. Sentei a mesa e fui adiantando as intermináveis tarefas que competem a minha profissão: correção, plano de aula... chegou o sono, doooorrrrmmmi. Nas semanas seguintes, aquela porta não despertou mais interesse. Acho que me acostumei com ela ali parada sem função nenhuma. Estática. Na penumbra. Nessas semanas tudo foi per-fei-ta-men-te i-gual.

Uma noite, que parecia ser idêntica a tantas outras, aconteceu um fato corriqueiro, quer dizer seria corriqueiro em qualquer outro lugar, mas não foi ali, naquele quarto. Quando as lembranças retornam fico arrepiada! Desculpe minha emoção! Ficou marcado em minha alma. Acho que nunca terei palavras para descrever aquela noite sem energia. Não a minha, mas a elétrica.

Pois é, sem energia elétrica, sozinha, fui atrás de um toco de vela que fosse para clarear o pequeno quarto. Aí você vai dizer: “Só vela e o fósforo”!? Não, eu tinha isqueiro, eu curtia puxar e soltar fumaça naquele tempo. Parei com isso há muito tempo - assim eu poderia ajeitar minha cama e... dormir. Vasculhei um pequeno guarda –roupa de solteiro e nada. Subi em um banco para olhar em cima dele. Nada. Criado-mudo. Nada. Olhei em volta e não tinha mais móveis para vasculhar.

...

Acendi o isqueiro, na última tentativa. Caso contrário, me dirigiria à cama e esperaria a luz voltar. Tentando resolver o impasse, lembrei que no banheiro havia um caixote pendurado na parede por uma corda que não tinha cor, parecia mumificada pelo tempo. Aliás, uma paradinha para reflexão- corda tem cor? – Dirigi-me ao banheiro, úmido que só ele, passei a mão com receio de encontrar pela frente uma barata ou outro inseto afim. E nada! Logo à direita, uma janelinha basculante meio metro a cima da minha cabeça, tive de ficar na ponta dos pés para fazer uma varredura na esperança de um toquinho de vela. Mas encontrei algo que não procurava. Um pedaço usado de um sabonete rosa descoloridíssimo, disforme. Trouxe-o para perto de mim, olhei-o e joguei-o no chão...

Barulho estranho, o sabonete, quando caiu no chão produziu um ruído que me fez esquecer o que realmente procurava, abaixei e peguei de volta aquilo que um dia fora um sabonete. Olhei com interesse e virei-o na mão e para minha surpresa surgiu - é essa a palavra - surgiu uma chave que, por alguns longos segundos não me remetia a nada.

Fui dormir, no escuro mesmo. No meio da noite, saltei num só pulo. A chave da porta misteriosa. A chave... levantei e dirigi-me à porta nem reparei que luz voltara no meio da noite. Foi a maior emoção. Naquele pequeno quarto havia um enorme tesouro que marcou minha vida, acho que minha alma. Centenas de livros estavam distribuídas em quinze prateleiras perfiladas. Esqueci de dormir. Houve uma “extraordinária força naquele meu primeiro encantamento” Passei a noite toda mergulhada nos livros: coleção de Monteiro Lobato – li todos durante as semanas que se seguiram. Livros didáticos daqueles bem didáticos mesmo, onde peguei o gosto e fui fazer graduação em Letras e olhe que no “ginásio” (?) eu o-di-a-va as aulas de Português.

E foi assim que construí minha memória literária, quando o acaso me apresentou o mundo dos livros enquanto eu andava distraída. Hoje pela manhã ouvi uma frase mais ou menos assim: ”A literatura é a única coisa que diferencia o homem do animal irracional, porque no resto somos iguais.”

Mas... espera aí! Quiseram esconder a chave da biblioteca? Esconder de quem?Por quê?

                                                           Terezinha Cypriano, Contando a gente não esquece, set 2012

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Minhas Memórias da Escrita


                                                      
Sou do tempo da vi-tro-la...Heim? Pois é! Ouvia Michael Jackson quando iniciava sua carreira com apenas 5 anos de idade. Ah, Diana Ross também! Nessa época ninguém admitia ouvir música nacional era... como se diz... “pagar mico”.

As coisas foram evoluindo de tal maneira que só agora estou me dando conta. Aprendi datilografia. Tinha prova e tudo. Não sei quantas batidas por minuto a gente era aprovada, “Mel Dels”! Escrevi e ainda escrevo a lápis no papel, com giz no quadro-negro, no quadro-verde. Agora, quer dizer, há um ano meu quadro é B-R-A-N-C-O. Vou espera mais vinte para ter o quadro digital. Que bom!

Lembro que antes disso tudo, na infância, tinha uma tabuleta rosa do tamanho do tablet onde eu escrevia com giz e apagava com um paninho. Não tenho a menor idéia de onde aquilo tenha saído. Talvez fosse de minhas irmãs que são mais velhas que eu. Sei lá...

Quando iniciei no computador, grava em disquetes, assistia filme em fita de vídeo casset. Impressora matricial eu achava o máximo na época, porque não era preciso mais escrever nas matrizes. Lembra de matriz? Matriz que me lembra do mimeógrafo. Era uma beleza!!! Passava uma manhã inteira escrevendo na matriz e minutos depois o álcool do mimeógrafo,  “queimava” todo o trabalho quando exagerávamos na quantidade de álcool na mantinha de algodão que passava um um rolo compressor. Que coisa mais esdrúxula! Aquilo não era coisa de Deus, com certeza!

Lembro que em 2003, fiquei impressionada com a facilidade de se preparar planos de aulas nos computadores. A estética dos trabalhos, das provas feitas no computador não tinha precedente. Era tudo que eu queria, pois odiava as maquininhas a álcool. Então, resolvi me dedicar e aprender a mexer com computador. Fiz curso, li, pedi ajuda aos filhos, passei madrugadas treinando. Digitava páginas de pequenos livros para agilizar a digitação. Comprei uma scanner, aí ninguém mais me segurou! Já troquei umas três vezes de computador por outros mais modernos. Atualmente, tenho mais facilidade em redigir textos quando estou diante de um “bichinho” desses.

                                                                                 Terezinha Cypriano, in Contando a gente se lembra, set 2012
 

segunda-feira, 16 de julho de 2012

MINICONTO DO DIFÍCIL


 Você já pensou em quantas coisas difíceis aparecem no dia-a-dia. Acordar cedinho para não perder a hora da primeira aula. E se tiver aquele frio dos infernos então... É muito difícil! Ai, ai, ai...
Ah, comer um único pedaço de chocolate porque não podemos engordar. Comer jiló...Ahrrr!!! Ver o gatinho que estamos paquerando, há semanas, nos braços da nossa pior inimiga. Ah, isso é dificílimo! Buááá!!

Uma então que é difícil, dificílimo: tenta ficar de boca fechada quando alguém do seu lado dá um delicioso bocejo? Aí, não dá pra seguuurar!! Ahrrr! Muuuito difíííícil!

Outra coisa que eu acho difícil pra caramba é andar na garupa de motos. Deus do céu!!! Aquele vento todo na cara e aquela sensação de que vamos meter a cara no primeiro poste. Cruz credo! Nunca mais ando num bicho desses. Nem mesmo numa motinha daquelas que parecem que são à pilha de tão fraquinhas.

Ah, tem uma que eu vou te contar: você já viu alguma pessoa espirrar sem fechar os olhos. Duvido! É difícil, mais difícil, difícil mesmo! Pode parar de tentar, ninguém consegue espirrar sem fechar os olhos. Para, menino!! Já disse: ninguém consegue. Para ôh!!!

Mas tem o difícil, facinho, facinho que no início parece difícil: ler livro daqueles grossos, dar o primeiro beijo, fazer bolão de chiclete, assoviar, pular “foguinho” nas brincadeiras de corda, estalar os dedos, chegar pra mãe e pedir uma calça nova, um tênis novo, um dinheirinho... Tudo é questão de jeito. Treinando a gente pega o truque rapidinho.

E pra você, o que é difícil?

 Fernandes,Terezinha Cypriano.  Contando a gente se lembra. Quatis.2011


sábado, 14 de julho de 2012

EMBRULHADINHO DE ARROZ


 
Estava para receber um casal amigo. Muito apreensiva, deixei transparecer.  Claudenora, minha secretária do lar, detectou, com sua anteninha da fidelidade, meu nervosismo. “Mas o que a senhora, Patroa, tá nessa aflição? Deixa tudo comigo que eu resorvo.” E resolvia mesmo. Do jeito dela, mas resolvia...
Naquele dia, além de receber o casal amigo, me surpreendi com a chegada inesperada de meus dois filhos. Havia pensado numa macarronada, mas meus filhotes detestavam. Tinha que providenciar outra opção. Foi aí que, inocentemente, solicitei ajuda de Claudeonora: “Clode” - é assim que a chamo - faz uma medida de arroz para Marcel e Julinho. Ela prontamente foi cumprir a minha ordem. Voltou alguns minutos, assim que me ouviu chamá-la.
_Claude, meus filhos ligaram e vão se atrasar. Deixe para fazer o arroz mais tarde..
_Ih, senhora! Agora já coloquei no fogo. Se apagar vai virar cola de “arrozi”...
_Não tem problema. Assim que ficar pronto, pegue  algumas folhas de jornal e embrulhe o arroz nele. Vai conservar quentinho até a chegada dos meninos.
_Eh, a senhora, diz né! Então, tá! No jorná, né?! Eu heim!
Antes eu tivesse desconfiado da reação dela. Deveria ter perguntado qualquer coisa para saber o que ela entendeu. Por que não fiz isso?
Mas eu estava tão envolvida com os meus convidados que não dei a menor importância à reação dela.
Na hora do almoço, tudo corria bem demais, quando surge pela porta adentro, nada mais nada menos, que  meus pimpolhos desculpando-se pelo atraso.
_Claudeonora, por favor, traga o arroz para os meninos, – solicitei – eles chegaram!
Foi neste momento que se comprovou a fidelidade canina da minha secretária  do lar: Claudenora, apressadinha, entra pela sala e dirige-se à mesa com um embrulhinho de jornal. Claudenora escolhe o melhor lugar para colocar aquele, aquela, sei lá... o mais próximo dos meninos e abre... Meeeeuuu Deeeus!! Claudenora embrulhou o arroz direto no jornal. Quase caí para trás de vergonha.
_Claudenora, o que é isso, criatura?
_Ué, a senhora é que disse pra “embrulhá o arrozi dus mininus no jorná pra mode ficá quentim”.
                                        Terezinha Cypriano Fernandes
                                       In, Histórias que ouvi. set/2011

Por que o jovem não deve ler



Ulisses Tavares
[...]pensei em escrever sobre a importância da leitura. Algo leve, mas suficiente para despertar em meia dúzia de jovens o gosto pela leitura. (De quê? De tudo! De jornais a livros de filosofia; de bulas de remédio a conselhos religiosos; de revistas a tratados de física quântica; de autores clássicos a paulos coelhos.)
Daí aconteceram duas  coisas que me fizeram mudar de rumo e de idéia.
Primeiro eu li que fizeram, alguns meses atrás, um teste de leitura com estudantes do ensino fundamental de vários países. Era para avaliar se eles entendiam de verdade o que estavam lendo. Adivinhem quem tirou o último lugar, atrás até mesmo de paisinhos miseráveis e perdidos no mapa-múndi? Acertou bródi: o Brasil!
[...]Ler sem raciocinar é como preencher um cheque sem saber quanto se tem no banco.
[...] logo depois, li em pesquisa recentemente nos que para 56% dos brasileiros entre 18 e 25 anos comprar mais significa mais felicidade, pouco se importando com problemas ambientais e sociais do consumo desenfreado. Ou seja, o jovem brasileirinho gosta de comprar muitas latinhas de cerveja, toma todas e joga todas nas ruas ou nas estradas, sem remorso. Irado,aí!
Viram como ler atrapalha? O jovem é mesmo muito esperto!
A gente fica sabendo de fatos que se não soubesse teria mais tempo para curtir o próprio umbigo numa boa, sem ficar indignado e preocupado com a situação atual de boa parte de nossa juventude.

 E também faz o tico e o teco (nossos dois neurônios  que ainda funcionam no cérebro,...)  malhar e suar, em vez de ficarmos admirando o crescimento do bumbum e do muque no espelho das academias de musculação.
[...] como professor e escritor, nunca mais vou recomendar a ninguém que leia mais, que abra livros para abrir a cabeça. Não! Trocar a alienação pela leitura?
Eu reconheço: a maioria está certa em não ler.
E tem, no mínimo, cinco razões poderosas para não ler: se ler, vai querer participar como cidadão do destino do país. Não vale a pena o esforço!
Se ler, vai saber que estão mentindo e matando um monte de jovens todos os dias em todos os lugares do Brasil  impunemente (graças a Deus ele não sabe disso, pois não lê) e não percebem a tremenda cilada que é acreditar que bacana é mentir e matar.
Se ler, vai acordar um dia  e se perguntar que diabo anda acontecendo neste país, onde só ladrões, corruptos, prostitutas e ignorantes aparecem na mídia.
Se ler, vai ficar mais humano e, horror dos horrores, é até capaz de sentir vontade de participar de trabalho comunitário, voluntário e parar de ser egoísta.
Se ler, vai começar a comparar opiniões, começar a pensar e descobrir que sua vida  anda meio torta, meio gado feliz.
Realmente a leitura não tem utilidade para nada! O jovem tem razão,bródi! O hábito de leitura vai fazer muita diferença na vidinha dele. É melhor ficar sem saber nada mesmo...

sexta-feira, 13 de julho de 2012

BEM-VINDO, QUERIDO RECESSO!!


como perceber se estamos estressados, estafados, ou, até mesmo o velho e bom, "cansados"! É, hoje em dia, tudo vira estresse. Mas o que me aconteceu foi desligamento da realidade! Permitam-me usar uma expressão que acabei de criar para o que se passou comigo há pouco.

Depois de caminhar, voltei para casa no intuito de dar um jeitinho em minha casa e sair. É, sair! Estava iniciando minhas tão esperadas "férias" de meio de ano. Quarta -feira, meio-dia,  fechamento das minhas  aulas da semana. E nesta última, em especial, estava dentro da semana  do recesso. Como sempre, mais do que na hora, porque já estou no ponto de "subir no morro" e gritar.

Aprontei-me com todo esmero para ir ao supermercado. Escolhi os acessórios que comporiam meu visual do jeitinho que gosto. Como estava frio, calcei meias três quartos finas e,  com cuidado, minhas sandálias. Passei batom. Passei o rímel. Comprei um, todo mundo usa, porque eu o dispensaria?

Fui ao mercado da praça, o mais próximo de minha casa, mas não encontrei o que desejava. Então, parti para o supermercado mais distante, porque lá eu tinha certeza de que encontraria o que procurava. Andei por todo os espaços do estabelecimento. Comprei. Tomei cafezinho. Cumprimentei conhecidos. E reparei uma ex-aluna olhando para os meus pés. Não dei importância, pois conclui que ela estivesse estranhando meias finas com sandálias. Pensei: "Uso meias com sandálias, sim minha querida! E daí?"

Fui. Voltei. E dei de novo com aquela garota olhando para os meus pés. Que insistência,heim? Mas tudo bem! Não vou ficar encucada. Hoje é meu primeiro dia de férias e não vou, não quero e não posso me estressar!

Saí do estabelecimento, encontrei um amigo e fomos conversando até o meio do caminho. Continuei  de volta à minha casa, sem me lembrar do que tinha se passado no supermarcado. Deixei as compras sobre a pia e dirigi-me ao quarto para trocar os calçados que já estavam me matando. Abaixei-me... E não acreditei no que estava vendo... Foi quando entendi os olhares insistentes de minha ex-aluna: no meu pé direito estava uma sandália de tiras douradas e bege, enquanto no pé esquerdo, uma sandália com uma única tira larga com um detalhe circular prateado.

HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA
Que bom que o recesso chegou!!! Seja bem-vindo , meu queridííssiimmoo, Recesso!!!




Registrando a prática















quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

LEITOR EM FORMAÇÃO

Há dois anos, estava em uma sala do 5º. Ano. Tinha acabado de ler o livro de Maria Zaira Turchi e Vera Maria Tietzmann Silva "Leitor formado, leitor em formação - leitura literária em questão" Ed. CULTURA ACADÊMICA. Estava imbuída de novas idéias... Quando, de repente, me veio um pensamento: "Nossos alunos não conhecem nenhum escritor de "verdade". Leem textos diversos de muitos deles e não sabem se são realmente de "carne e osso". Escrever é para quem tem dom? Só eles são capazes de escrever e dizer o que dizem? Foi neste momento que me lembrei de uma passagem no livro em que fala do projeto das memórias de leitura no interior de uma penitenciária. Como meus alunos, não são diferentes da maioria dos alunos brasileiros, não tinham memórias de leitura... pensei em transformar em "Memórias da Escola". Sentei e digitei as minhas memórias de uma determinada época escolar. No dia da aula propus a eles falar sobre as lembranças de fatos passados na escola, de qualquer época. Resistiram no primeiro momento. Foi nesse instante que me dispus a contar um fato de minhas memórias. Ficaram atentos, pois gesticulava, fazia caras e bocas para chamar a atenção deles e consegui. Em seguida, deixei que alguns expusessem suas lembranças, senti que tinha mexido com alguma coisa adormecida neles. Terezinha Cypriano Fernandes/abr-2009

MEMÓRIAS DA ESCOLA

Tenho guardado na memória uma lembrança que, para mim, é mágica. Guardo no meu lado criança que tenho até hoje, apesar dos meus... Já tive 5 anos. Não se espante. É verdade! Já tive sim... Eu estudava no Jardim de Infância República Italiana, em Bangu, um bairro no Rio de Janeiro onde nasci. Ah, como eram bons aqueles dias da escola! Levantava cedinho, vestia meu uniforme branquinho, com meu nome bordado em vermelho na frente e tinha uma sacolinha, também branquinha e com o mesmo bordado. Acho que eu era a aluna mais feliz. Iolanda era o nome dela. Era a professora mais bonita! Mais carinhosa! Mais... tudo! Todos os dias, depois do descanso, ela levava nossa turma para o jardim da escola, sentava em um balanço comprido que ficava preso em duas enormes árvores floridas. Alguns alunos sentavam-se ao seu lado, mas a maioria em frente a ela. Eu fazia questão de me sentar bem a sua frente para ver as expressões do seu rosto, ver o movimento de sua boca enquanto ela contava as histórias mais maravilhosas que já existiram. Era um momento mágico para mim! Era como se eu participasse de cada uma delas: às vezes eu era a Chapeuzinho Vermelho, em outras, Cinderela, Rapunzel... ah, que saudade! Esta é a memória mais feliz que tenho da escola. Tanto que uma vez, minha mãe me contou que eu sempre pedia a ela: “Mãe, quando eu tiver 5 anos de novo, você me leva pro jardim?” Terezinha Cypriano Fernandes. Contando a gente se lembra. Quatis.2009.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Ter amigos por perto em momentos difíceis traz benefícios imediatos para o cérebro – Como as pessoas funcionam

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Nasa divulga nova imagem oficial da Terra vista do espaço – Superblog

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Uma escrita acadêmica gregária

                          Tecnologia de informação e comunicação: outras formas de ver o mundo
                                                        Terezinha Cypriano Fernandes

     Com o advento da internet, as relações do homem com o mundo se modificaram radicalmente: avanços científicos, tecnológicos, transformações sociais e econômicas. Encurtaram-se as distâncias, expandiram-se as fronteiras, o mundo ficou globalizado. Houve uma revolução sem precedentes nas redes de comunicação e de informação. Com isso, o homem desenvolveu outras formas de ver o mundo. E ambos nunca mais foram os mesmos. No Brasil, por exemplo, há 60 milhões de computadores em uso, devendo chegar a 100 milhões em 2012, segundo a Fundação Getúlio Vargas. Em apenas em três meses, surgiu 1,2 milhão de novos brasileiros com mais de 16 anos na internet. Por isso, no ranking de conexões, o Brasil é o 5º país com maior número de conexões à Internet. O Twitter – microblog – caiu no gosto popular. Quem diria! Cerca de 500 milhões de twitters são postados por dia, e aproximadamente 37% dessas postagens são de opiniões e conversas. O país encontra-se em 2º lugar nas estatísticas, com 8,78%. Há um celular para dois habitantes, o que equivale a 3,3 bilhões de aparelhos no planeta. As pessoas estão conectadas umas com as outras permanentemente. Hoje se pode estar em reuniões, em sala de aula, em sessão de cinema e, havendo urgência ou não, esses aparelhinhos dão sinal de que alguém está à sua procura, muitas vezes causando constrangimentos em determinadas situações. Dessa forma, o homem não se sente mais só. Engano! Psicólogos e sociólogos afirmam que, mesmo ligado ao mundo, o homem contemporâneo ainda se sente sozinho, sim, uma vez que as relações se dão superficialmente e não superam as necessidades afetivas dos indivíduos. Essa característica humana ainda é um desafio. Apesar de o homem sentir-se solitário, é inegável a revolução que o acesso à comunicação e à informação provocou nas relações sociais: são novas formas de ver o mundo. Mudaram-se conceitos, atitudes e paradigmas. De forma jamais vista, o homem comunica-se, informa-se e forma-se no ciberespaço. Não existem mais fronteiras. Publicado em 14 de setembro de 2010.
Texto publicado na REVISTA EDUCAÇÃO PÚBLICA

MOMENTO DE HUMOR

Em uma cidadezinha do interior havia um abacateiro
carregado dentro do cemitério.

Dois amigos decidiram entrar lá à noite (quando não
havia vigilância) e pegar todos os abacates.
Eles pularam o muro, subiram a árvore com as sacolas penduradas no ombro e começaram a distribuir o 'prêmio'.

_Um pra mim,
_Um pra você.

_Um pra mim,
_Um pra você.

_Pô, você deixou dois caírem do lado de fora do muro!

_Não faz mal, depois que a gente terminar aqui, pegamos os outros dois.

_Então tá bom, mais um pra mim, um pra
você.

Um bêbado, passando do lado de fora do cemitério, escutou esse
negócio de 'um pra mim e um pra você' e saiu correndo para a delegacia.
Chegando lá, virou para o policial:

- Seu guarda, vem comigo! Deus e o
diabo estão no cemitério dividindo
as almas dos mortos!
- Ah, cala a boca bêbado.
- Juro que é verdade, vem comigo.


Os dois foram até o cemitério,
chegaram perto do muro e começaram a escutar...

- Um para mim, um para você...

O guarda, assustado:

- É verdade! É o dia do apocalipse!
Eles estão dividindo as almas dos
mortos! O que será que vem
depois?

- Um para mim, um para você. Pronto,
acabamos aqui. E agora?

- Agora a gente vai lá fora e pega os
dois que estão do outro lado do
muro...
_Cooooooooooooooorrre...

Filósofo pede humildade e ética no uso educacional da tecnologia

Luiz Sugimoto - 16/07/2010



Cortella defende o amparo da tecnologia por valores éticos para evitar o que chama de biocídio - o assassinato da vida nas suas múltiplas formas.[Imagem: Antoninho Perri]
Tecnologia na educação
Ética e multimídia. Foi este o tema escolhido pelo filósofo Mario Sergio Cortella para a conferência de abertura do 5º Seminário Nacional O Professor e a Leitura do Jornal, que se realiza esta semana na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
"Nenhum professor, seja da escola pública ou privada, está preparado para trabalhar com as diferentes mídias atuais. Quando o Brasil foi penta na Copa de 2002, não existia a palavra 'blog'; hoje é criado um blog por minuto. São plataformas novas, que trazem novas formas de pensar, a fim de não confundir informação com conhecimento. Precisamos ter a humildade pedagógica de quem começa a aprender sobre a questão. A velocidade é alta e estamos apenas no início da estrada," afirmou o filósofo.
Na opinião de Cortella, docente da PUC-SP, os processos escolares não devem se adaptar às inovações e sim integrá-las ao seu cotidiano. "Adaptar é postura passiva, enquanto integrar pressupõe metas de convergência. As tecnologias mais recentes podem fazer parte do trabalho pedagógico escolar desde que utilizadas como ferramentas a serviço de objetivos educacionais que estejam antes claros para a comunidade e que a ela sirvam. Tecnologia em si não é sinal de mentalidade moderna; o que moderniza é a atitude e a concepção pedagógica e social que se usa."
Tecnologia não é neutra
O filósofo insiste na visão de que a tecnologia não é uma mera ferramenta. "Ela é instrumento político de ação, na medida que interfere na vida da sociedade. Não há neutralidade no uso de qualquer tecnologia, seja de natureza ideológica, científica ou preconceituosa. Isso significa que é preciso proteger a utilização da tecnologia com princípios éticos - e o mais importante deles talvez seja a preservação de uma convivência coletiva decente, aquela que não diminui a vida alheia".
Cortella defende o amparo da tecnologia por valores éticos para evitar o que chama de biocídio - o assassinato da vida nas suas múltiplas formas. "A tecnologia, por ser também ferramental (embora não exclusivamente), pode ajudar a proteger a vida no seu conjunto, ou então contribuir para a sua destruição, com o falecimento do futuro, a desertificação da esperança e a anulação de uma história. E o professor, para amparar a tecnologia, deve ter três qualidades: generosidade mental, repartindo o que sabe; coerência ética, praticando o que ensina; e humildade intelectual, perguntando o que ignora. Assim, a tendência será de que o biocídio fique longe do nosso horizonte".

http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=etica-uso-educacional-tecnologia&id=030175100716 (13/11/2010)

Nossa Língua Portuguesa

A Língua Portuguesa é a 5ª. língua mais falada no mundo e a 3ª. mais falada no mundo ocidental. Tem sua origem em Portugal, por isso o nome "português" dado ao idioma. São 08 os países lusófonos(língua oficial): Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Timor-Leste, Cabo Verde. Possui estatuto oficial na União Europeia, no Mercosul, na Organização dos Estados Americanos, União Africana, Comunidade de Países de Língua Portuguesa e Associação dos Comitês Olímpicos de Língua Oficial Portuguesa.
No Brasil, para chegar ao estágio que conhecemos atualmente, nossa língua sofreu evolução histórica. E há, reconhecidamente, dois padrões:o português europeu e o português brasileiro.A língua é um patrimônio imaterial do povo. Elemento fundamental e fundador da cultura brasileira. O povo é o "dono" da língua e seu agente modificador.
Historicamente, o ensino da nossa língua materna tem sido marcada pela ideia de "correção", priorizando o ensino das regras gramaticais(da Língua Portuguesa europeia), desconsiderando as variações linguísticas relacionadas à situação comunicativa ou o perfil sociocultural dos alunos, desprezando o fato de todos, ao ingressarem na escola, serem usuários do idioma em situações cotidianas e familiares.
Sabendo que o aluno já traz para sala de aula um repertório linguístico que lhe permite participar do convívio social, cabe ao professor de língua materna propor atividades contextualizadas que mobilizem o aluno a participar ativa e criticamente de interlocução, leitura, produção escrita e análise da língua.
Portanto, a disciplina de Língua Portuguesa (Brasileira) tem por objetivo desenvolver as competências necessárias a uma interação autônoma e ativa nas situações de interlocução, leitura e produção de textos. Seu ensino fundamenta-se na concepção de linguagem como fruto de interação entre sujeitos," processo em que os interlocutores vão construindo sentidos e significados ao longo de suas trocas linguísticas orais ou escritas"[1].
Terezinha Cypriano Fernandes

[1] SOARES, Magda, 2002. Português, uma prática para o letramento.Manual do professor p. 5

Crônica

Registros e rezistos
Alexandre Amorim
Depois de cinco anos dividindo meu apartamento com duas lagartixas, resolvi fazer uma reforma no banheiro, cômodo preferido das duas. Assim que o pedreiro começou a quebrar os ladrilhos, as duas sumiram. Dias mais tarde, saudoso e solitário, resolvi puxar papo com o pedreiro, já que minhas amigas de sangue frio se esquentaram e me deixaram sem ter com quem dividir minhas ideias.
A primeira conversa entre mim e seu Marcos, o pedreiro, foi assim:
- Seu Marcos, o cano de água passa por essa parede, né?
- É, sim. – ele disse, sem parar de mandar a marreta na pobre parede.
- Não é melhor fechar o registro?
- Fechar o quê?
- O registro, seu Marcos.
- Registro é no cartório. Tem que fechar é o rezisto.
Confesso que minha surpresa me impediu de argumentar. Seu Marcos é pedreiro há quarenta anos e me corrigiu com tamanha propriedade que fiquei uns bons minutos sem reação. E, felizmente, após esses minutos, minha reação foi dizer “tá certo”. Fui até a área de serviço e fechei o rezisto. Fiquei olhando pela janela, imaginando quantos registros a palavra registro tem. Registo, rezistro, rezisto. Pelo menos três, além da formal. E os balconistas de loja de material de construção entendem perfeitamente todos eles. Assim como os escrivães em cartórios, penso eu.
Sendo advogado, peço, leio e dou registro de vários assuntos. Nunca usei as outras formas do termo, porque aprendi assim, da forma culta. E sempre corrigi textos escritos de forma errada. Mas ficar corrigindo as pessoas que falam de outro modo, só se eu achar que elas estão tentando falar como manda a forma culta. Se o seu Marcos acha que registro é uma coisa e rezisto é outra, e ele convive há quarenta anos com essa certeza e sempre conseguiu comprar rezistos e fazer registro de seus filhos, não vou corrigi-lo. Até porque ele tentou me corrigir e eu mesmo não aceitei.


Como o dia estava bom para divagações, continuei pensando sobre o certo e o errado na língua. A tal da forma culta, mantida pelos acadêmicos que, em sua maioria, vêm das classes sociais mais favorecidas, resvala constantemente na forma popular. A língua falada é um grande organismo mutante – às vezes perde um rabo, como lagartixas, e nasce outro. A língua portuguesa, no Brasil, já perdeu e ganhou acentos, hífens, tremas – até letras! E é um tal de perde e ganha, de some e reaparece. Super-homens, esses linguistas; superômis, nós, os falantes...
Nós, uma vírgula. Porque os falantes são diversos, não formam um “nós”, não formam um nó só. São linhas cruzadas, mas pelo jeito todos se entendem. A não ser na questão classista. Um carioca entende o pedido de “um chope e dois pastel” do paulista, um mineiro entende o “isso mermo” do carioca. Mas todos fazem questão de apontar o que seria o erro do outro. E o classismo não é só bairrista. Ocorre bem debaixo das barbas cultas daquele intelectual que corrige o uso indevido de plural/singular do garçom, mas, na mesma mesa de bar, cumprimenta um outro amigo intelectual: “ô, rapaz! Me liga! Vamos se encontrar!”.
Isso sem falar no chato que não erra nada da língua culta e, por isso, se acha no direito de corrigir todo e qualquer falante da língua que ele pretende dominar. Domina, sim, a gramática acadêmica, mas se perde como um cego em tiroteio quando conversa com alguém que usa o domínio popular. Não é chato quem domina a língua culta, mas quem não consegue ver que o mundo não é de todo culto, homogêneo e muito menos obediente às normas que o mocinho chato resolveu seguir.
Voltei para o banheiro. Falei com seu Marcos que tinha fechado o registro. Ele me entendeu e não me corrigiu mais.
Ah, sim. As lagartixas se mudaram para a cozinha. Ainda ontem, conversávamos sobre as vezes em que fui chamado de “adevogado” e elas de “largatixa”. Elas não ligam, nem eu.
P.S. É claro que esta crônica é meu “registro” a favor do livro utilizado pelo MEC. A língua portuguesa é tão rica quanto o número de seus falantes. Aliás, vale a pena ler o capítulo do livro que foi questionado.

A realidade é outra...

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Retorno 2012

 
Olá!!!Após abaaannndoonaar meu blog no final de 2010, eis que retorno com o desejo de não deixar "a peteca cair". Muito tenho conseguido em sala e quero, preciso e vou postar para que eu possa refletir sobre meu trabalho e o desenvolvimento de meus alunos. Temos que dar prosseguimento aos nossos projetos. Certo?????