quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

LEITOR EM FORMAÇÃO

Há dois anos, estava em uma sala do 5º. Ano. Tinha acabado de ler o livro de Maria Zaira Turchi e Vera Maria Tietzmann Silva "Leitor formado, leitor em formação - leitura literária em questão" Ed. CULTURA ACADÊMICA. Estava imbuída de novas idéias... Quando, de repente, me veio um pensamento: "Nossos alunos não conhecem nenhum escritor de "verdade". Leem textos diversos de muitos deles e não sabem se são realmente de "carne e osso". Escrever é para quem tem dom? Só eles são capazes de escrever e dizer o que dizem? Foi neste momento que me lembrei de uma passagem no livro em que fala do projeto das memórias de leitura no interior de uma penitenciária. Como meus alunos, não são diferentes da maioria dos alunos brasileiros, não tinham memórias de leitura... pensei em transformar em "Memórias da Escola". Sentei e digitei as minhas memórias de uma determinada época escolar. No dia da aula propus a eles falar sobre as lembranças de fatos passados na escola, de qualquer época. Resistiram no primeiro momento. Foi nesse instante que me dispus a contar um fato de minhas memórias. Ficaram atentos, pois gesticulava, fazia caras e bocas para chamar a atenção deles e consegui. Em seguida, deixei que alguns expusessem suas lembranças, senti que tinha mexido com alguma coisa adormecida neles. Terezinha Cypriano Fernandes/abr-2009

MEMÓRIAS DA ESCOLA

Tenho guardado na memória uma lembrança que, para mim, é mágica. Guardo no meu lado criança que tenho até hoje, apesar dos meus... Já tive 5 anos. Não se espante. É verdade! Já tive sim... Eu estudava no Jardim de Infância República Italiana, em Bangu, um bairro no Rio de Janeiro onde nasci. Ah, como eram bons aqueles dias da escola! Levantava cedinho, vestia meu uniforme branquinho, com meu nome bordado em vermelho na frente e tinha uma sacolinha, também branquinha e com o mesmo bordado. Acho que eu era a aluna mais feliz. Iolanda era o nome dela. Era a professora mais bonita! Mais carinhosa! Mais... tudo! Todos os dias, depois do descanso, ela levava nossa turma para o jardim da escola, sentava em um balanço comprido que ficava preso em duas enormes árvores floridas. Alguns alunos sentavam-se ao seu lado, mas a maioria em frente a ela. Eu fazia questão de me sentar bem a sua frente para ver as expressões do seu rosto, ver o movimento de sua boca enquanto ela contava as histórias mais maravilhosas que já existiram. Era um momento mágico para mim! Era como se eu participasse de cada uma delas: às vezes eu era a Chapeuzinho Vermelho, em outras, Cinderela, Rapunzel... ah, que saudade! Esta é a memória mais feliz que tenho da escola. Tanto que uma vez, minha mãe me contou que eu sempre pedia a ela: “Mãe, quando eu tiver 5 anos de novo, você me leva pro jardim?” Terezinha Cypriano Fernandes. Contando a gente se lembra. Quatis.2009.